Com o objetivo de dialogar com a população, em especial com os moradores da região da Sede em Contagem, sobre o futuro da atual UPA Sede, que funciona desde 2020 como unidade de internação para pacientes pós Covid-19, a prefeita Marília Campos convocou uma reunião, nesta segunda-feira, 25/10, para debater em termos ainda iniciais uma possível transformação do local em outro equipamento de saúde para atender à população.
Reuniram-se com a prefeita, a Mesa Diretora do Conselho Municipal de Saúde de Contagem; a diretora do Distrito Sanitário Sede, Aparecida Santana; o administrador da Regional Sede, Lindomar Diamantino; o vice-prefeito, Ricardo Faria, o secretário de Saúde, Fabrício Simões; e o secretário de Governo, Pedro Amaral. Todos participaram deste primeiro debate para formatar uma proposta que aproveite a estrutura do prédio e a localização da unidade para melhorar a assistência à saúde pública na cidade.
Uma nova reunião ampliada, desta vez com a participação da comunidade, será realizada na próxima quarta-feira (27/10), às 18h30, no hall principal da Prefeitura de Contagem.
O assunto começou a ser debatido na quinta-feira (21/10) quando a Prefeitura de Contagem e a Secretaria de Saúde – SMS, apresentaram em uma reunião com funcionários da UPA Sede uma proposta, ainda embrionária, de transformar o equipamento em um Centro de Atenção Psicossocial - Caps AD, dentro da estrutura da Rede de Atenção Psicossocial, totalmente reformado e adaptado.
O projeto teve como base os estudos e análises técnicas sobre a necessidade de ampliação do serviço de saúde mental na cidade para que atenda melhor à população neste cenário pós-Covid que se aproxima. Dados da Diretoria de Saúde Mental do município mostram que houve um aumento expressivo da população que busca ajuda psicológica / psiquiátrica e um aumento significativo das pessoas que fazem uso de medicamentos psiquiátricos para ajudar no enfrentamento ao sofrimento causado pela pandemia, que trouxe a perda de familiares, amigos, a imposição do isolamento social que impactou no cotidiano e nas finanças das famílias e de seus membros.
Assim, a primeira ideia foi a realocação do Caps AD no local da atual UPA Sede. A medida no caso ajudaria a solucionar a carência de espaços maiores para o atendimento aos que têm sofrimento mental e promoveria o bem-estar biopsicossocial da população, uma vez que é imprescindível investimentos nesta área, garantindo novas políticas públicas voltadas para o acolhimento e cuidado da saúde mental de todos.
Durante a apresentação da proposta, ainda na semana passada, o secretário de Saúde, Fabrício Simões, explicou que é urgente reorientar a UPA Sede, uma vez que a pandemia já mostra o arrefecimento de seus números na cidade, após a campanha de vacinação bem sistematizada no município. “A UPA Sede, que é um equipamento bem estruturado, está direcionada, há quase dois anos, para pacientes pós-Covid-19. Sendo assim, temos um entendimento que precisamos revocacionar esse equipamento para outro serviço e há uma demanda grande em Contagem por outros, que também são importantes, como a ampliação da Rede de Saúde Mental. Criar espaços de oficinas terapêuticas de arte e ter um olhar humanizado para os serviços da saúde mental é fundamental neste momento”, afirmou.
Na reunião desta segunda-feira (25/10) uma nova proposta chegou para o debate: a transferência da UBS Cad para o atual local da UPA Sede, com reforma e readaptação do local para receber o equipamento que já funciona na avenida Prefeito Gil Diniz, 401, bairro Arcadia. No novo local, a UBS Cad receberia uma carteira maior de serviços, inclusive, com horário estendido de maneira permanente com o objetivo de fortalecer o atendimento na Atenção Básica no município.
Mais uma vez a Secretaria de Saúde detalhou dados técnicos que mostram que a UPA Sede registra fluxo de usuários abaixo do que é estabelecido como meta pelo Ministério da Saúde. Segundo dados da SMS, o equipamento tem um custo médio mensal estimado para os cofres municipais de R$ 775. 435,19. No entanto, o município só recebe em contrapartida R$ 125 mil, sendo R$100 mil provenientes do Ministério da Saúde, e R$ 25 mil do governo estadual, cabendo a Prefeitura arcar sozinha com R$ 650.435,19. Mesmo diante do alto custeio, a unidade é a que registra a menor média de atendimento entre todas as UPAs da cidade sendo, a primeira a UPA JK, a segunda, Vargem das Flores, a terceira, UPA Ressaca, e a quarta, UPA Petrolândia. Os dados são do Sistema de Informação Ambulatorial - SIA/SUS, e se referem aos anos de 2017 a 2020.
A proposta de transferência da UBS Cad, com ampliação, foi bem avaliada pelos conselheiros municipais presentes e também pelos representantes da administração local, como o administrador da Regional Sede, Lindomar Diamantino, e a diretora do Distrito Sanitário Sede, Aparecida Santana.
“Ainda é uma proposta. Temos sugestões de um Caps, de uma UBS. Eu acredito que ter uma UBS com um horário estendido será um ganho para a população. Lá comporta a estrutura e vem ao encontro de nossa demanda. Vem também ao encontro da proposta da Prefeitura de fortalecer a Atenção Primária”, disse Diamantino.
Atualmente, a UBS Cad tem registradas 19 mil famílias em seu cadastro, funcionando com três Equipes de Estratégia Saúde da Família - ESF, e com duas Equipes de Atenção Básica - EAB, reunindo aproximadamente 30 servidores. A unidade atende aos bairros Três Barras, Funcionários, Sede, parte dos bairros Alvorada, Central e Camilo Alves. “A UBS Cad tem um grande número de atendimento assistencial, tanto por parte da enfermagem, quanto por parte da assistência médica, e se essa mudança vier com o reforço da unidade e a ampliação de horário, a população da região Sede de Contagem só tem a ganhar”, avaliou Aparecida.
O presidente do Conselho Municipal de Saúde de Contagem - CMSC, Willer Alves Reis, defendeu que o equipamento seja utilizado da melhor maneira possível dentro da assistência à saúde em Contagem. “Acredito que tanto nós, os trabalhadores, quanto os usuários do SUS não podemos ficar somente preocupados com o que vai abrir ou fechar, mas com o que vai acontecer de melhor ou pior para comunidade em termos de serviços. Acredito que a reorientação daquele equipamento é a melhor saída, colocando um ponto final na rádio corredor que diz que o equipamento vai fechar”.
A vice-presidenta do CMSC Contagem, Maria José Pinto, também afirmou que é preciso olhar a necessidade de fortalecer a assistência no município. “Temos que pensar de que maneira este equipamento seria melhor aproveitado para a população da cidade. Defender a UPA por defender, não sei se seria tão inteligente de nossa parte, mas colocar ali um outro tipo de assistência que dê mais acesso e seja mais necessário à população, possivelmente, seja a melhor escolha.”
O primeiro secretário do CMSC, José Maria de Melo, reforçou que é mais do que necessário fazer um bom aproveitamento do espaço pensando no que será exigido da assistência à saúde no pós-Covid nos próximos meses. ‘’Ter ali um equipamento de assistência será muito bom para a população, pois não sabemos bem ao certo como será a vida pós-Covid, é preciso reforçar o atendimento”, comentou ele, referindo-se às possíveis sequelas ainda desconhecidas pela ciência a longo prazo deixadas pelo Sars-Cov-2, que poderá sobrecarregar o sistema de saúde público.
O vice-prefeito de Contagem, Ricardo Faria destacou que o governo tem responsabilidade com a assistência aos usuários do SUS Contagem. “Por isso estamos fazendo este debate amplo, dando protagonismo ao Controle Social, por meio da participação do Conselho Municipal de Saúde, ouvindo as pessoas. Vamos achar o melhor caminho, o melhor entendimento, a vocação daquele equipamento diante da necessidade que as pessoas têm.”
Durante a reunião, o secretário de Governo, Pedro Amaral, lembrou que “não se trata de uma discussão política entre fechar a UPA ou não, mas de uma questão técnica no que se refere às metas que o serviço cumpre ou não. Pois, o governo está empenhado em promover o melhor atendimento na saúde para quem vive em Contagem, com o melhor aproveitamento dos recursos.”
Ao final da reunião, a prefeita Marília Campos encerrou o encontro garantindo que “as decisões serão tomadas dialogando sempre com os moradores e moradoras de Contagem. “Vamos fazer uma reunião com a comunidade para discutir o projeto e o melhor atendimento / direcionamento para a UPA Sede de Contagem”.
“Os governos que me antecederam colocaram aquele espaço reservado ao cuidado para os pacientes pós-Covid. Caberá a nós discutir qual o melhor equipamento de saúde que vamos colocar lá para atender a população. Obviamente os serviços oferecidos serão ampliados. Neste momento estamos aprofundando este debate seja com o Conselho Municipal de Saúde, seja com a população de Contagem. Isso ainda é um debate”, frisou.
Reestruturação do Sistema de Saúde de Contagem
Durante a reunião, a prefeita Marília Campos destacou que a readequação da UPA Sede, está dentro da reestruturação do SUS em Contagem. Em dez meses de governo, a Prefeitura de Contagem já realizou a intervenção no Instituto de Gestão Humanizada - IGH, trazendo de volta ao poder municipal a gestão das unidades de Urgência e Emergência e do Complexo Hospitalar e o transferindo a partir do dia 7 de novembro próximo, ao Serviço Social Autônomo - SSA, para ser o novo gestor em substituição ao IGH; contratou médicos paras todas as Unidade Básicas de Saúde - UBS; está investindo R$ 16 milhões para reduzir a fila das consultas especializadas e reestruturando o serviço de Urgência e Emergência em Contagem, com a construção já em fase final de duas UPAS, a do Nacional e do Industrial.
